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Publicado em: 11 Junho 2024

Um olhar sobre a Habitação Social

Artigo de opinião de Cátia Sampaio, alumni do Mestrado em Gestão das Organizações do 3º Setor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico do Porto. Atualmente a desempenhar funções de Assistente Social no Gabinete de Apoio ao Bairro do Município de Fafe.

Por impulso do avanço da economia capitalista, na sequência da industrialização e da migração da população do campo para a cidade, numa procura incessante por melhores condições de vida e de trabalho, surgem as primeiras ilhas habitacionais.

Neste sentido, e como resposta efetiva para albergar famílias com condições económicas mais baixas, surgem os bairros sociais, frequentemente localizados nas periferias das cidades.

Os bairros sociais são locais onde se manifestam múltiplos problemas sociais, cujo seu entendimento carece de uma intervenção concertada das distintas áreas, de forma articulada, tais como a degradação dos espaços, a carência de manutenção, as respostas ou investimento na intervenção social por parte das entidades gestoras destes espaços e direcionado às necessidades efetivas da população residente, a insegurança e a presença de comportamentos desviantes.

Nas famílias, por sua vez, destacam-se os problemas relacionados com a baixa escolarização, o desemprego, os reduzidos recursos económicos ou carências ao nível das competências sociais, familiares, gestão económica e habitacional, bem como baixa autoestima, ambição e indefinição dos sonhos, projetos e perspetivas de vida.

E quando tudo isto é um ciclo de pobreza que se transmite de geração em geração?

Especialistas na área apresentam um ponto de vista consensual, sendo necessária uma intervenção social que enquadre a educação, formal e informal, para as crianças e jovens como ponto fulcral do seu desenvolvimento e abertura de mindset face aos estilos de vida conhecidos, potenciando novas visões, a descoberta do seu sonho e como o atingir. De facto, se eu não conheço outra realidade ou não me é permitido, ainda que aquela que não me faça feliz, como serei capaz de romper com o padrão e escolher outra opção de vida?

Considera-se necessário um olhar holístico e sistémico do bairro, envolvendo as vertentes económicas e sociais, conhecer o espaço envolvente e o que o carateriza, promovendo na população a vontade de mudança e cuidado pelo espaço e participação ativa para que estes se manifestem verdadeiros agentes de mudança.

Contudo, existem outras problemáticas, tais como o estigma e a exclusão social associada à população residente que comprometem a sua vontade de alterarem a sua situação e se sentirem capazes de tal.

As redes de sociabilidade e vizinhança são outra problemática de relevo para a população dos bairros sociais, dado que nestes espaços é frequente encontrarem-se comprometidas e debilitadas, potenciando sentimentos de desinteresse, deslocamento e a reduzida participação na comunidade. Estas relações instáveis ocorrem, sobretudo, pela falta de segurança e comportamentos desviantes, conflitos entre vizinhos, falta de bom senso e respeito pelo outro.

 

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