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Publicado em: 20 Junho 2024

Os desafios da Segurança e Saúde no Trabalho no Setor da Saúde

Artigo de opinião de Cláudia Vieira, docente do Mestrado em Gestão Integrada da Qualidade, Ambiente e Segurança da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico do Porto.

É inequívoco que o contexto da saúde é caracterizado por um ambiente humano e tecnológico complexo, onde um erro ou uma falha pode ter consequências nefastas, tanto para o doente como para o próprio colaborador. A área da saúde é, igualmente um dos setores que emprega um maior número de profissionais em toda a Europa, com diferentes níveis de especialização. Por outro lado, correspondem a organizações que podem funcionar durante 24 horas de forma intensiva e responsiva. Contudo, mesmo com tecnologia cada vez mais diversificada e avançada para responder às necessidades de saúde dos doentes, esta evolução não tem sido centrada na segurança e saúde dos profissionais.

Os profissionais de saúde estão constantemente expostos a uma panóplia e complexa variedade de riscos profissionais, que podem culminar com a ocorrência de acidentes de trabalho, ou com o desenvolvimento de doenças profissionais. É inegável que os fatores de risco são inúmeros e concomitantes, desde as exigências psicológicas de trabalhar sob pressão devido à interação com o doente e família, a sobrecarga de trabalho, o lidar com o sofrimento e a morte dos doentes e a violência, bem como a exposição biológica a organismos causadores de doenças ou a exposição a agentes químicos classificados como perigosos, a título de exemplo o formaldeído e a manipulação de fármacos, nomeadamente citotóxicos. Além dos riscos físicos como a exposição a radiação ionizante (raio-x) e o ruído, existem os fatores de risco ergonómicos associados à mobilização de doentes, aos movimentos repetitivos, ao trabalho por turnos e noturno e à permanência na posição de pé por longos períodos. Acresce que, no contexto da pandemia COVID-19, as condições de trabalho destes profissionais foram fortemente deterioradas, com consequências físicas, mentais e sociais a médio e longo prazo.

Os profissionais de saúde sofrem e podem, na sua qualidade primeira de seres humanos, adoecer, deixando de estarem disponíveis para cuidar dos outros. Neste contexto, a relevância dos serviços de segurança e saúde no trabalho nas organizações de saúde deve centrar-se numa abordagem sistemática e integrada na identificação e controlo dos riscos, atendendo a que trabalhadores da saúde, saudáveis e seguros, garantem o bom funcionamento do Serviço Nacional de Saúde e um aumento na qualidade da prestação dos cuidados de saúde à população em geral. Urge a reinvenção dos serviços de saúde numa perspetiva centrada no indivíduo, o profissional, na prevenção dos acontecimentos que possam originar danos imediatos ou diferidos e na promoção da saúde no local de trabalho.

Se pretendemos melhorar a qualidade dos cuidados de saúde, torna-se crucial cuidarmos da saúde física e mental de quem cuida…

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