Temperaturas acima dos 28 graus centígrados nas salas de aula podem dificultar o raciocínio, a lógica e a aprendizagem dos alunos, indicam os resultados preliminares de um estudo que envolve investigadores portugueses e brasileiros.
"A temperatura mais elevada do ar pode provocar o aumento da frequência cardíaca dos estudantes acima de 100 batimentos por minuto", passando estes a consumir "mais calorias" e a diminuir o ser "desempenho cognitivo", explicou à Lusa o investigador Paulo Oliveira, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), do Politécnico do Porto, uma das entidades portuguesas que participam no projeto.
Esta situação, contou o professor, verificou-se em algumas regiões do nordeste do Brasil, como Manaus e Terezina.
Estes são alguns dos resultados preliminares do estudo "Condições Térmicas e Desempenho em Ambientes de Ensino - Norte de Portugal e Nordeste do Brasil", no qual investigadores da ESTG e da Universidade Federal da Paraíba, no Brasil analisam a influência das mudanças de temperatura no desempenho cognitivo dos alunos.
Relativamente a temperaturas temperadas, que se encontram entre os 22 e 24 graus centígrados, a interferência encontrada não era significativa, indicou o investigador.
Segundo Paulo Oliveira, a temperatura ideal para as salas de aula depende da estação do ano, sendo que no inverno a mesma deve estar entre os 22 e os 24 graus centígrados, enquanto no verão deve ficar à volta dos 18 graus.
Embora no Norte de Portugal não se tenham verificado diferenças no desempenho cognitivo dos estudantes quando os fatores ambientais foram alterados, espera-se que até ao término do projeto (previsto para início de 2018) seja possível obter resultados mais substanciais.
De acordo com Paulo Oliveira, é fundamental que as salas de aula reúnam as condições para os alunos aprenderem de forma confortável, passando, a este nível, pela regulação da temperatura e pelo conforto térmico.
"É necessário que as mesmas tenham um bom isolamento térmico e, caso este não funcione de forma adequada, devem ter também sistemas de climatização", indicou.
Nestes casos, continuou, é igualmente importante que os filtros dos equipamentos sejam verificados com regularidade, para impedir a entrada de poeira e de partículas de ar.
"Estas são zonas com uma permanência significativa de humidade e que têm as condições ideias para a proliferação de diversos microrganismos", esclareceu, reforçando a importância da revisão dos equipamentos.